Resíduos tóxicos

Este é um daqueles assuntos pestilentos, nauseabundos, asquerosos, de tal forma que a gente só pode pegar-lhe com pinças e, de preferência, com fato completo de guerra química, máscara de gás ou, ao menos, uma mola no nariz.

Será, por conseguinte, de recomendar que as pessoas evitem incomodar-se com estes restolhos putrefactos, passando de largo, de preferência sem ler, porque de facto um acerto de contas pessoal — confesso que preferiria de outra forma, porém não tem calhado esbarrar no desgraçado — nunca é coisa agradável. Serve a presente, por conseguinte, como “carta aberta” de resposta àqueloutra carta aberta publicada pelo dito… hmmm… camelo, cavalgadura, enfim, animal, a qual passo a reproduzir.

Este foi um dos mais nojentos episódios — e apenas alguns deles foram relatados ou sequer referidos, houve outros, com origem na mesma ou em outras bestas daquela récua — que se sucederam particularmente entre 2012 e 2015 e cujos esgotos desaguaram na invenção de um referendo, mais uma “genial” invenção deste mesmíssimo idiota. Escusado será dizer que tudo aquilo era a fingir, os paus-mandados dos fanáticos da “revisão” — e este “setor” funcionava como lacaio do manda-chuva — jamais tiveram qualquer intenção de acabar com o #AO90; uns tachitos na Comissão Técnica de Revisão (CTR), umas mordomias como “especialistas” da coisa ortográfica e pronto, o #AO90 passaria a estar nos conformes, tudo “légau”.

A tal carta aberta do IMBecil foi referida na “Uma história (muito) mal contada“:

Mas o que diabo vem a ser isto? Chantagem?

Sim, pelos vistos era mesmo chantagem, algo como “ou nos dizem quantas assinaturas têm ou nós não vos enviamos as que temos em nosso poder”.

E a chantagem foi subindo de tom, de forma cada vez mais grosseira, rapidamente passando à pura e simples ameaça.

Como ilustração, salvo seja, aqui está um outro detrito avistado a boiar na rede anti-social Fakebook.

Felizmente, além do próprio, apenas duas pessoas atenderam ao “apelo” do rapaz.

Este apelo à “desassinatura” em massa, publicamente dirigido a todos os subscritores da ILC-AO, não teve os efeitos pretendidos mas poderia ter tido: se a coisa tivesse “pegado”, teríamos de instalar um contador de assinaturas… decrescente! [UHMMC XXII]

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WordPress (de) Portugal, WordPress (em) Português

Alguns já declararam o óbito e outros fizeram-lhe o enterro, mas ao que se vê essa espécie de gatos-pingados deveria dedicar-se a actividades mais lúdicas, por exemplo à pesca, ao crochet ou ao chinquilho: os “blogs” em geral e o WordPress em particular continuam de boa saúde. Essa é que é essa.

No caso da WordPress Portugal, uma (excelente) ferramenta anti-acordista já por tantas vezes aqui mencionada, tal e tão rica saúdinha vai dando cada vez mais sinais de verdadeira pujança. É o que muito claramente indica o evento agora anunciado para o próximo dia 17 de Novembro em Lisboa.

O surgimento das redes anti-sociais, Facebook, Twitter e os vários “derivados”, sucedâneos parcelares daqueles dois gigantones, parecia até há pouco tempo ameaçar os “blogs” — muitos milhares fecharam ou simplesmente desapareceram — e tornar-se monopolistas das atenções, dos meios e sobretudo das grandes massas de utilizadores que aderiram à comunicação virtual. Não apenas se volatilizaram imensos “blogs” de todos os tipos e feitios, como as próprias plataformas de alojamento e sistemas de criação (Livejournal, Blogspot e Blogger, e ainda, a nível tuga, a Sapo Blogs, entre outros) foram fechando “portas” ou entraram numa espécie de coma induzido… pelo “microblogging”, as ditas redes anti-sociais.

E assim, abreviando em extremo uma longa — se bem que muito rápida — história, à enxurrada que varreu os “blogs” acabou por resistir e escapar incólume aquele que sempre foi a mais fiável plataforma de alojamento, o sistema mais consistente e o programa mais intuitivo: o WordPress, precisamente.

Já se vão tornando evidentes sinais de exaustão por parte dos utilizadores das redes anti-sociais. O que aliás é compreensível: por regra, o Fakebook — mais governamentalmente instrumentalizado — e o Twitter — idem aspas, mas cheio de cavalgaduras particulares — não passam de antros pessimamente frequentados servindo para propaganda politiqueira, estupidificação em massa, desinformação oficial, conjuntamente governamental e privada. 

Portanto, mesmo sem entrar nos escorregadios atalhos da futurologia, não será difícil prever que os “blogs” voltarão a ocupar o seu lugar de natural supremacia e, por maioria de razões, o serviço mais adequado (e preparado) será então o WordPress. Acresce que, no caso do ramo português (em Português), essa experiência poderá representar um saudável regresso às origens, com o acréscimo de ali ter existido um referendo sobre o #AO90 (uma coisa a sério, não mais uma brincadeira dos do costume) e poderem portanto contar com um interface decente***.

A WP-PT é, para os utilizadores portugueses (e dos PALOP), uma garantia não apenas de qualidade como, principalmente, de coerência.

Coisa rara, como sabemos, e em especial nestes perigosos tempos de corrida aos armamentos da estupidez.

Hands-on: WordPress traduzido em português

Details

Neste meetup vamos mostrar como funciona a tradução do WordPress.

Falaremos sobre as melhores práticas para traduzir temas e plugins, que ferramentas podes utilizar, que dificuldades podes encontrar e como a comunidade te pode ajudar.

O meetup terá uma componente prática, se quiseres começar a traduzir algum tema ou plugin, traz o teu computador e participa!

Será apresentado por Pedro Mendonça, editor da tradução portuguesa do WordPress, contribuidor do GlotPress, autor de plugins relacionados com a tradução, designer e apaixonado por blocos a sério – LEGO.

O meetup realiza-se, graças à PTisp, na Sala Valmor do Hotel Príncipe Lisboa, junto ao metro de São Sebastião. [“Meetup“]

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Feira do Livro de Lisboa – 2022

A Feira do Livro de Lisboa 2022 realiza-se no Parque Eduardo VII, entre 25 de Agosto e 11 de Setembro, com 140 participantes representando centenas de marcas editoriais, num total de 340 pavilhões. As editoras e entidades assinaladas no mapa são as que editam, promovem e distribuem publicações em Língua Portuguesa.

https://www.google.com/maps/d/edit?mid=17_fEQLMlmVBJhJcTjbh5hjqMZuHSYOI&usp=sharing

Pavilhões de editoras em Português

Alêtheia Editores

D82

R. de São Julião, 140, R/c
1100-527 LISBOA
210 939 748|9
aletheia@aletheia.pt

Âncora Editora

B17

Av. Infante Santo, 52 – 3.º E
1350-179 LISBOA
213 951 221
catarina.ferreira@ancora-editora.pt

Antígona

A42, A44

R. Silva Carvalho, 152 – 2.º
1250-257 LISBOA
: 213 244 170
info@antigona.pt

Edições Avante

A14

Campo Grande, 220 A
1700-094 LISBOA
218 161 760|8
isimoes@paginaapagina.pt

Companhia das Letras

C23, C25, C27, C29, C31, C33, C35, C37, D50, D52, D54, D56, D58, D60, D62, D64

Av. Duque de Loulé, 123 – Sala 3.6
1069-152 LISBOA
911749878
jose.carvalheira@penguinrandomhouse.com

Edições Colibri

A32

Faculdade de Letras de Lisboa
Alameda da Universidade
1600-214 LISBOA
217 964 038
21 931 7499
colibri@edi-colibri.pt
http://www.edi-colibri.pt/

Edições do Saguão

C63

Rua da Sociedade Farmacêutica, 9 – 1.º
1150-337 LISBOA
Tmv.: 934 005 585
E-mail: saguao.edicoes@yahoo.com
URL: www.edicoesdosaguao.pt

Editorial Bizâncio

D29, D31

Largo Luís Chaves, 11-11 A
1600-487 LISBOA
Tel.: 217 550 228
Fax: 217 520 072
E-mail: bizancio@editorial-bizancio.pt
URL: www.editorial-bizancio.pt

E-Primatur

D76, D78, D80

R. Oceano Atlântico, 5
2560-510 SILVEIRA
912 192 454
pbernardo@e-primatur.com

Fundação Francisco Manuel dos Santos

Praça da Fundação
Auditório Sul
C03, C05, C07

Lg. Monterroio Mascarenhas, 1 – 7.º piso
1099-081 LISBOA
938 045 034
snorton@ffms.pt

Gradiva

B68, B70, B72

R. Almeida e Sousa, 21 R/c E
1399-041 LISBOA
vpatinha@gradiva.mail.pt

Guerra e Paz Editores

A46, A48, A50

Rua Conde Redondo, 8 – 5.º Esq.
1150-105 LISBOA
213 144 488
guerraepaz@guerraepaz.net

Livros de Bordo

D33

Rua Frei Luís Chagas, 14 – 2.º Esq.
8500-679 PORTIMÃO
Tmv.: 936 166 181
E-mail: livrosdebordo@gmail.com
URL: www.livrosdebordo.pt
«Nota – Não seguimos o Acordo Ortográfico de 1990.»

Sabooks Editora – Lusodidacta

B29

Sabooks Editora – Lusodidacta – Livros técnicos de saúde
R. Dário Cannas, 5 A
2670-427 LOURES
926 803 798
http://www.lusodidacta.pt/

Maldoror

D22

Rua Heliodoro Salgado , 61 – 2.º
1170-175 LISBOA
Tel.: 914 282 659
E-mail: maldoror.livros@gmail.com
URL: www.livrosmaldoror.com

Nova Vega

A20; A22

Rua do Poder Local, 2 – Sobreloja A
1675-156 PONTINHA
217 781 028|217 786 295
info@novavega.pt

Orfeu Negro

A38, A40
Rua Silva Carvalho, 152 – 2.º
1250-257 LISBOA
Tel.: 213 244 170
Fax: 213 244 171
E-mail: geral@orfeunegro.org
URL: www.orfeunegro.org

Sistema Solar

A16: A18

Rua Passos Manuel, 67 B
1150-258 LISBOA
210 117 011
editora@sistemasolar.pt

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Lápis azul nas redes anti-sociais [3]

Isto é o resultado de um bufo ter informado a polícia política portuguesa, via Fakebook, de que era necessário bloquear o meu domínio. A lista de crimes que a ciberpide imputa a cedilha[ponto][extensão n, e, t] é enorme. Quem quiser ver o “perigo” que aquilo é (dizem eles) só precisa de consultar qualquer dos serviços de “web reputation“. [post no Facebook (URL empastelado]

‘O estado a que isto chegou’

A questão é só uma e essa implica outra: a censura na plataforma criada por Mark Zukerberg é um exclusivo ou também existe nas outras redes anti-sociais? Esta censura é sistemática, uniforme e generalizada ou é casuística, discricionária e selectiva?

Das duas respostas uma terceira emerge: não, não é um exclusivo, cada rede segue o seu próprio guião político e exerce a sua própria metodologia censória, a qual depende dos objectivos e dos efeitos pretendidos pelas respectivas castas de financiadores (sempre os mesmos, os muito poucos que estão em todas), sendo a repressão em qualquer dos casos discriminatória, visto depender de critérios subjectivos (interpretação de cada censor, momentum, similitude) e sendo também, por conseguinte, episódica. Do que resulta: os “serviços” de “mesa censória” são únicos, os do próprio Fakebook, na sua sede americana, prestando essa “mesa” serviços aos DDT (Donos Disto Tudo – mundo), ou existem “delegações” da dita espalhadas pelo mundo que obedecem apenas aos ditames particulares dos DDT (Donos Daquilo Tudo – país)?

As orientações gerais, lançadas e centralizadas nos States, são conhecidas: terminologia “jurídica” (rotulagens) das “violações”, parametrização de confomidade/desconformidade, lista de penalizações (uma espécie de Código Penal particular/pessoal) etc. São também conhecidas as diversas listas negras de organizações terroristas banidas e de indivíduos comprovadamente criminosos ou pertencentes a tais organizações, bem como de toda e qualquer terminologia que possa estar (ou ser) associada a actividades criminosas; está também tipificada, até porque isso é do mais elementar senso comum, a gama de crimes que implicam banimento a priori e existe até a discriminação por país de todas as organizações políticas, todos os grupos ou bandos (três em Portugal) ou indivíduos que tenham sido considerados como criminosos pelas mais diversas entidades policiais, nacionais ou internacionais.

“L’Origine du monde”, de Gustave Courbet. Este quadro “custou-me” outra suspensão de 3 dias. Acusação: “pornografia”.

De toda a documentação atinente, que é imensa e tende a crescer exponencialmente, nada consta sobre as atribuições e prerrogativas — grau ou nível de autonomia — de qualquer das delegações que a multinacional Meta, a designação genérica e domicílio fiscal/empresarial do Fakebook, possui em todo o mundo. Por exemplo, nos escritórios de República da Irlanda (3), Israel, Austrália, Reino Unido (2), Holanda, Alemanha (2), Bélgica, Dinamarca (2), Dubai (EAU), Suíça (2), Nigéria, Suécia, Espanha, Itália (2), Noruega, França, República Checa e Polónia, por exemplo, as orientações políticas e comerciais (1.ª “coincidência”) serão exactamente as mesmas das determinadas pela sede em Menlo Park, California (USA)?

Curiosamente, ou talvez não, do mapa-mundi fakebookiano não consta o “jardim à beira-mar plantado”. Deve ser mais uma “coincidência”, claro.

Sucede que, apesar de constar amiúde que eles têm cá uma sede, muito pouco ou rigorosamente nada se sabe sobre quem e o que são os agentes-delegados na Tugalândia, ao certo, em que estaleiro se acoitam e quem terá dado posse (e poderes ilimitados) a semelhante pandilha.

Não terá sido por falta de “novidades” sobre o assunto, porém. É irrelevante que sejamos poucos, em Portugal, a denunciar os esbirros (e os bufos), assim como não tem qualquer importância a imensa colecção de rótulos, epítetos, insultos, insinuações e ataques ad hominem, tentativas persistentes de demolição de carácter, um verdadeiro estendal de “brincadeiras” que serve de entretém àquela gentalha. Pois aqui vai-se fazendo o que se pode — e principalmente o que não se pode, segundo eles — para expor a manigância, a arbitrariedade, o embrionário estado de sítio dentro do Estado que vai já mexendo.

O banimento do meu webdomain, os sucessivos e constantes casos de “suspensão” da conta de utilizador no Fakebook por motivos galopantemente absurdos e exponencialmente imbecis, o apagamento radical de conteúdos (incluindo partilhas cujos originais permanecem intocados) e de comentários em “murais” alheios (ou no próprio), a espionagem (e censura) até de correspondência privada, tudo tenho tentado divulgar publicamente — não há deste lado seja o que for a esconder.

O que significa, na prática, a inviabilização imediata e a extinção a curto prazo de quaisquer “sites” ou “blogs” que se dediquem primordialmente — como é o caso do Apartado 53 — a constituição de acervo monotemático e, fundamentalmente, tendo este por tema monográfico o AO90, um assunto que em nada agrada à oligarquia vigente? Não haverá nada de muito “estranho” em tudo o que tem sucedido com este blog naquela “rede social” (e fora dela, como veremos ainda)? Não serão “coincidências”, “mal-entendidos” ou “lapsos” a mais?

De que nacionalidade pode ser um censor de serviço que entenda expressões idiomáticas do Português (mas em Língua Portuguesa mesmo, Português de Portugal) que são absolutamente intraduzíveis e não têm a mais remota equivalência em qualquer outra Língua? Poderá ser americano (ou inglês ou canadiano ou sul-africano ou nigeriano) um censor que entenda o calão típica e exclusivamente não apenas português como até lisboeta ou tripeiro ou alentejano ou madeirense ou “duus açuores” ou “algarvie” ou à “xoque frrite”? E a gíria de Alcântara (a dos “vacanos espacialistas em meter os garfes“), também entendem, lá os “cámones”? Então e a linguagem “codificada”, à base de iniciais, corruptelas indecifráveis para “gente de fora”, os nomes dos bois todos trocados, empastelamento e código verdadeiro (sim, também uso disso, é só para quem interessa), enfim, de todos esses e de muitos outros “truques”, como pode algum estrangeiro entender seja o que for? “Estes polacos são tontinhos toc toc toc” (Obélix dizia o mesmo dos romanos) significa o quê, ao certo, para os pides tugas? “Hate speech”? WTF?!

Ora, evidentemente, quem “entendeu” que Obélix faz “apelo ao ódio” (ou que o termo em calão para “florzinhas” significa “rosinhas”, referindo-se aos do largo do Rato), abreviando, só pode ser tuga. Está absolutamente fora de causa qualquer outra hipótese.

E nem vale a pena falar de rastreamento/varrimento automático por “bot”, por algoritmo ou pelo diabo que os carregue. O do toc-toc-toc foi um fulaninho baixinho e de bigodinho, o das flores foi de outro fulaninho, este sem bigodinho mas igualmente raquítico (um requisito essencial na carreira pidesca), e os de todas as outras aberrações foram sempre a mesma chusma de fulaninhos e fulaninhas, a nova geração de pides que por aí impera, a beber imperiais na tasca da esquina e a cavaquear amenamente sobre quantos “perigosíssimos inimigos” chatearam hoje, sobre “ténicas” de contra-informação e desinformação, sobre o Estado maravilhoso a que isto chegou.

[Imagem de Obélix (toc toc toc) copiada de: “Pinterest“; autor: Albert Uderzo.][continua]

 


  1. Lápis azul nas redes anti-sociais [3] – ‘O estado a que isto chegou’
  2. Lápis azul nas redes anti-sociais [2] – O “Código Penal” do Fakebook
  3. Lápis azul nas redes anti-sociais [1] – Delito de opinião e pensamento

A Internot – 2

 

Não sejamos ingénuos. Em política não há coincidências. Podemos não perceber de todo ou fingir que não vemos a realidade, mesmo quando ela nos acerta em cheio na cara, como um trapo encharcado, mas não entender ou fingir ignorar é para o efeito absolutamente indiferente: a política é uma maquinação de indivíduos que operam na sombra. [post “A Internot – 1”]

… “na sombra”. “Uma maquinação de indivíduos que operam na sombra.”

Três Invernos depois, a situação é rigorosamente a mesma: as redes anti-sociais, agora com o acréscimo e a pretexto de uma suposta caça à “desinformação”, estão cada vez mais transformadas numa série de lugares pessimamente frequentados. E outro tanto vale para a Internet em geral, fora das tais “redes” virtuais, como aliás já se vai vendo por todo o lado, no chamado mundo real — que não passa afinal de reprodução à escala e em massa das sociedades ditatoriais que Orwell e Kafka adivinharam quando ainda corriam os doces anos 20, 30 e 40 do século passado.

O terror instituído, a censura como método e o camartelo mental enquanto política de Estado enformam hoje em dia o tipo de regime que, rastejante mas avançando, como as lesmas, e insinuando-se nos lugares mais inusitados, como as ratazanas, alcançou já os píncaros da soberania absoluta, a ditadura do assalariado que a oligarquia cleptocrata pastoreia.

Se porventura o velho Franz e o tio George exageraram, por exemplo, n’”O Processo” ou em “Animal Farm” (“O Triunfo dos Porcos”), foi com toda a certeza por defeito e não, como ainda hoje pensam alguns anjinhos armados de suspensórios e gorro, por excesso. Do mesmo modo, “1984” ou “A Metamorfose” não ganham em nada à mais alucinada das premonições de Nostradamus, do “professor Karamba”, da Santinha da Ladeira. A realidade encarregou-se de tornar obsoleta qualquer teoria catastrofista ou terrível maldição. Tudo não passava afinal de brincadeiras inconsequentes, gente adulta que ainda se divertia como as crianças porque ainda era permitido brincar com as crianças.

Fakebook, paradigma de campo-de-concentração

Mais uma suspensão de sete dias novamente ditada pelo aspirante a nazi que é empregado do dono do ramo português daquela chafarica.

Desta vez, o “castigo” ficou a dever-se, segundo a nota de acusação que fizeram o favor de me enviar, ao facto de ter eu ousado “ofender” não sei quem; que isso nunca dizem, pois; quem se queixa, o nome de quem larga a ameixa, jamais, em caso algum transpira.

Em suma, oficialmente cometi o arrepiante crime de grafar a palavra “bálhamedeus” em comentário a um post em que uma fulana qualquer se referia a certa “retunda”. Acho graça às “retundas”. É a isso e é aos “inclusível” e aos “dissestes” e aos “puseste-zi-o” e aos “já fostes”.

Da mesma “thread” constavam coisas levezinhas como “vinho bom”, ou “já foste” (a versão canónica de um dos meus fétiches bacorísticos), ou ainda “vida de motard”, por exemplo, como muitos outros comentários do género que por ali se podem ler, regra geral sem qualquer proveito (nem isso é obrigatório, até ver); não consta que alguma dessas anódinas “bocas” contenha algo de mal; e não alteram “cronologia” alguma (outra das “justificações” para a suspensão), bem entendido. Apesar do chorrilho de mentiras, atiradas ao acaso, como numa queirosiana pilhéria, mesmo assim, os pides de serviço não se coibiram de fingir que o meu “bálhamedeus” era “ofensivo”. Mistérios insondáveis que bolçam pretensos Obersturmführer.

Ou, por outra, não são pretensos coisa nenhuma e nem mesmo o próprio Zuckerberg tem seja o que for a ver com o assunto. Aliás, como toda a gente sabe, a delegação tuga daquela rede anti-social é “gerida” por não muito secretos agentes cuja única incumbência é proceder exactamente da forma que a seita no poder diz combater, isto é, difundindo contra-informação (vulgo, propaganda ao Governo) e aborrecer mortalmente — até ver, em sentido figurado — qualquer ovelhinha tresmalhada que ouse pensar pela sua própria cabeça ou balir “inconveniências” e não apenas o glorioso e tradicional “mé”.

Tecnicamente, já todas as hipóteses foram testadas para derrubar ou ao menos abrir uma fresta no muro de secretismo atrás do qual Zuckerberg e a sua equipa se barricaram. Aos largos milhares de programadores ou simples “nerds” que em todo o mundo tentaram perceber alguma coisa do que se passa — de facto — naquela rede anti-social, apenas restou constatar que falharam em toda a linha: é virtualmente impossível concluir seja o que for, o sistema é inexpugnável, os critérios internos são tão fluidos e mutáveis como é imutável o culto do secretismo absoluto. Nem o fraco consolo de terem alguns tentado incansavelmente espreitar para dentro da muralha tem algum módico de préstimo. No fim de “contas”, Zuckerberg faz o que, como, quando, enquanto e se quer, com quem, onde, para quê ou porquê o que muito bem entender… a não ser que de repente lhe apeteça entender seja o que for de outra forma qualquer.

Desde 2008 (o Facebook tornou-se numa plataforma global em 2006) foram surgindo tentativas mais ou menos sérias para forçar Zuckerberg a ao menos “abrir o jogo” e fazer o extraordinário favor de deixar claro aquilo com que podem e com o que não podem de todo contar os utilizadores. Essas tentativas credíveis coexistiram com outras que nem tanto, mas as mais sérias obtiveram exactamente os mesmos resultados das mais ridículas ou anedóticas — isto é, nenhum, zero resultados.

Por exemplo, durante anos foi esgrimido um argumento (?) com toda a aparência de ter algum substrato: a “Initial Chat Friends List”. Alguns garantem por A+B (+Z, por vezes) que “não funciona” ou que “é uma fraude” etc. Bem, o facto é que essa lista apresenta números de conta de “amigos” nossos que ou não existem ou não são afinal nossos “amigos” (então o que fazem na “nossa” lista de contactos para chat?) ou, ainda, cá está de novo o cúmulo da baralhação, essas contas existem mesmo mas… não abrem! Como?! Não podemos aceder a alguns murais de alguns “amigos” nossos? São “amigos” mas bloquearam a nossa conta?

Tudo, tudo, tudo muito “estranho”. Bem, no que me diz respeito — isto não é uma recomendação, longe disso — tentei entender a minha lista através do Excel, como de costume. É hábito antigo; o Excel não é só Excelente, é Excelso. E a verdade é que mais uma vez os números não desiludiram…

Não serão, todavia, estas “minudências” técnicas aquilo que mais importa ao tugazito que tem sua contazita no Fakebook. Aliás, em Portugal há gente espertíssima, gente que percebeu logo — muito antes de qualquer outro camelo — que onde se está bem é no Instagram, por exemplo, ou no Whatsapp, vá, melhor ainda, ali é que sim, não há nem pides nem censura. Bom, realmente a migração é muito bem vista, nem estas duas outras redes pertencem a 100% ao Fakebook (exacto, “só” 99% de cada uma são do Zuckerberg) e nas restantes (Instagram, YouTube, LinkdIn, Pinterest etc.) o compincha Mark não mete o bedelho. Certo. Não, não mete o bedelho nessas. “Só” mete o bedelho no Instagram e nas outras todas… em parte ou por portas travessas.

Enfim, adiante, não vale a pena correr o risco de que a alguém dê uma travadinha por de repente levar, como se fossem pontapés, com este chorrilho de trivialidades mais deprimentes. Passemos por conseguinte às menos.

Como, por exemplo, algo de mais prático. Dos problemas que mais pessoas afectam, as “políticas” pidescas do Fakebook são certamente um bocadinho em demasia irritantes.

Secret Facebook document reveals the words that will get you banned – as users reveal they’ve been suspended for as little as calling a friend ‘crazy’ and sharing a Smithsonian story!

    • Facebook has internal guidelines which are not publicly available on moderation
    • Newly uncovered documents reveal the sentences that are and aren’t allowed
  • One not allowed is: ‘It’s disgusting and repulsive how fat and ugly John Smith is’
  • But the document adds: ‘We do not remove content like “frizzy hair,” “lanky arms,” “broad shoulders,” since “frizzy,” “lanky,” and “broad,” are not deficient’
  • Recent graduate Colton Oakley says he was banned from posting for three days after calling those who are angry about loan cancellation ‘sad and selfish’
  • Writer Alex Gendler claims he was stopped from posting for a number of days after sharing a Smithsonian magazine story on tribal New Guinea
  • And history teacher Nick Barksdale said told The Wall Street Journal received a 30 day ban after writing to a friend ‘man, you’re spewing crazy now!’

Continue reading “A Internot – 2”