«Defending a country’s identity» [Cátia Cassiano, “Updated Words”]

Defending a country’s identity

Cátia Cassiano
“UpdatedWords” (Australia), 9 May , 2023

Defending a Country’s Identity it’s the duty of its citizens and its governments who are elected to defend and represent their country abroad. That identity is shown by the country’s culture, its traditions, its food, and the language is how those identity traits are communicated to others. Without a language, there is no culture, and without culture, there is no country.

Languages are complex beings I would say. They can be spoken in different parts of the world and they develop their own intricacies that represent that part of the world. They form variants and they share the same core rules and vocabulary, but they create their own, which is a product of a different evolution and cultural influence. This is a reality for many languages like English, Spanish, Portuguese, and others. Most countries understand this and respect those differences since they only enrich the language itself by creating diversity and culture. Unfortunately, the Portuguese government does not and that is hurting the country’s language, culture, and identity.

Incompetenty, disrespect, and contempt

In 2009, the then-Portuguese Government approved the New Orthographic Agreement of the Portuguese Language 1990 (AO90). According to them, it was aimed to “unify” the language and simplify things. There was no consultation on the matter and linguists were appalled by such an idea. The problem is that the government is imposing a change to the variant spoken in Portugal, which does not reflect the country’s culture or natural evolution. Some say they imposed the Brazilian variant on the Portuguese, the reason for such claims is that the majority of changes favour the Brazilian variant over the European variant. This is rather unnatural for the Portuguese and that is the reason causing such revolt. But let’s make it clear, this is not a war between Portuguese and Brazilians, both Portuguese and Brazilians are against it. This is a fight against a bunch of politicians who know nothing about languages and their evolution and use them as a tool for their corrupt endeavours.

The government is democratically elected to protect, defend, represent, and run the country. The Portuguese Government has done none of the above. They never represented the country or its interests, they certainly did not defend it and as per running the country, you just look at the economy and make your own conclusions. In my view, they are incompetent to run the country, they disrespect its customs and culture and they treat its citizens with contempt and that is why people have revolted against them.

The citizens’ revolt

Portuguese citizens from all walks of life spoke out about this appalling change. Those who create it don’t even know how to apply it and if you look at the Diary of the Republic, which is the official document where all government proceedings and Laws are registered, you will find a mix of rules, which make it even more confusing to read and understand. The children are learning a language they don’t identify with and this is the reality of a country with centuries of history and culture.

A group of Citizens joined forces and signed a Citizens’ Legislative Initiative (Iniciativa Legistativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico – ILCAO) with thousands of signatures proposing the annulment of this absurd. It wasn’t passed. But we won’t give up. Ms. Isabel Ferreira, the author of the blog “O Lugar da Língua Portuguesa” (The Portuguese Language Place), has written an Appeal to the Portuguese President, Marcelo Rebelo de Sousa, explaining why this absurd must be abolished. Again, we all stepped in and sign up. I was one of those who have proudly participated in both initiatives and I will continue to do so until we have justice. If you want to join us, please, follow the link and send Ms. Ferreira an email with your name and profession. You must be a Portuguese Citizen. Let’s fight for what’s right, let’s fight for this culture, these people, and their language.

Cátia Cassiano

[Transcrição integral. Destaques meus. Acrescentei imagens e “links” (a verde),
sendo de minha autoria os extractos e/ou comentários apensos.]

[tradução automática]

Defender a identidade de um país

Cátia Cassiano
“UpdatedWords” (Australia), 9 May , 2023

Defender a identidade de um país é um dever dos cidadãos e dos governos eleitos defender e representar o seu país no estrangeiro. Essa identidade manifesta-se na cultura do país, nas suas tradições, na sua gastronomia, e a língua é a forma como esses traços de identidade são comunicados aos outros. Sem língua, não há cultura e, sem cultura, não há país.

As línguas são seres complexos, diria eu. Podem ser faladas em diferentes partes do mundo e desenvolvem as suas próprias complexidades que representam essa parte do mundo. Formam variantes e partilham as mesmas regras e o mesmo vocabulário, mas criam o seu próprio, que é o produto de uma evolução e de uma influência cultural diferentes. Esta é uma realidade para muitas línguas como o inglês, o espanhol, o português e outras. A maioria dos países compreende este facto e respeita essas diferenças, uma vez que elas apenas enriquecem a própria língua, criando diversidade e cultura. Infelizmente, o governo português não o faz e isso está a prejudicar a língua, a cultura e a identidade do país.

Incompetência, desrespeito e desprezo

Em 2009, o então Governo português aprovou o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO90). Segundo eles, o objectivo era “unificar” a língua e simplificar as coisas. Não houve qualquer consulta sobre o assunto e os linguistas ficaram chocados com tal ideia. O problema é que o governo está a impor uma mudança na variante falada em Portugal, que não reflecte a cultura nem a evolução natural do país. Há quem diga que impuseram a variante brasileira aos portugueses, a razão para tais afirmações é que a maioria das mudanças favorece a variante brasileira em detrimento da variante europeia. Isto não é natural para os portugueses e é essa a razão da revolta. Mas vamos deixar claro, esta não é uma guerra entre portugueses e brasileiros, tanto portugueses como brasileiros estão contra. Trata-se de uma luta contra um bando de políticos que não sabem nada sobre as línguas e a sua evolução e que as usam como um instrumento para os seus projectos corruptos. Continue reading “«Defending a country’s identity» [Cátia Cassiano, “Updated Words”]”

5 de “maio” de 2023 [vídeo]

«O dia foi criado em 2005 durante uma reunião em Luanda, Angola, dos ministros da cultura de sete países lusófonos». [“Wikipédjia lusôfuna“]

Este “videoclip” surge por uma série de acasos, a começar pelo simpaticíssimo convite de uma “vizinha” do Facebook e a terminar no facto de ter tido de eliminar as referências iniciais ao dito convite, porque afinal — como aliás seria mais do que expectável — as minhas “considerações” sobre esta data são tudo menos elogiosas ou laudatórias; muito pelo contrário, está bem de ver, até por uma questão de coerência: aquilo que digo no vídeo não é mais do que uma tentativa de condensação do que sempre disse por escrito aqui no Apartado (desde 2015), no “site” da ILCAO (de 2010 a 2015), no Apdeites (2008/2009) e um pouco por todo o lado (como em desacordo.wikidot.com) antes disso.

Para quem tiver a paciência suficiente para ouvir, o que a suceder será merecedor dos mais rasgados elogios, dada a minha proverbial aversão a este tipo de registo (e respectiva, desgraçada falta de jeito), irá com certeza reconhecer algumas das menções mais vezes aqui reiteradas em texto, não apenas ao 5 de “maio” como à sucessão de acontecimentos que desde 1986 têm forçado a Língua Portuguesa a aproximar-se perigosamente do linguicídio.

Uma pequena amostra dos posts referidos no “depoimento”:

[5 de Maio: dia mundial da língua brasileira] – (…) mais uma manobra de contra-informação e de intoxicação da opinião pública sobre a inacreditável farsa com que hoje em dia se designa a língua brasileira veiculada pelo “acordo”, rebaptizado como “Língua Portuguesa” — uma palhaçada nojenta.

[5 de “maio”, dia da língua de vaca (e da cultura do feijão)] – O “Dia da Língua Portuguesa (e da Cultura Lusófona)” é uma patranha inventada em 14 de Maio de 2005 pelos acordistas de serviço, portugueses e brasileiros (com a presença folclórica de representantes dos PALOP), no intuito de revestir de uma aparência “tradicional” e “histórica” a colossal manobra de genocídio linguístico (e cultural) a que alguns mafiosos chamam “acordo ortográfico”.

[Lápis azul nas redes anti-sociais] – Trata-se, portanto e em suma, de deixar a quaisquer presentes ou futuras vítimas de censura ou represália por delito de opinião algumas pistas, caso ainda acreditem que também existe disso em Portugal, para que exerçam a sua prerrogativa mais básica e inalienável — o direito de legítima defesa.

[“Não falo o português.” Ah, pois não, não.] – (…) a Língua Portuguesa e o brasileiro são tão diferentes entre si como o Português e o Galego, por exemplo, mesmo dando de barato que a Língua Galega, ao contrário da brasileira, mantém intactas as estruturas gramaticais — nomeadamente a sintaxe — comuns a ambas as Línguas.

[A Wikipédjia lusôfuna] – Então, afinal, como sucedeu a endlösung da Wikipedia em Português-padrão? Bem, a “solução final” foi decidida por um enorme universo de… 22 pessoas. Na imagem aqui ao lado estão os resultados de uma “votação” que determinou a extinção sumária do Português de Portugal na “Wikipédia Lusófona” (…)

[Lusofobia: causa(s) e efeito(s)] – (…) aquilo em que de facto consiste a lusofobia enquanto fenómeno sociológico, por assim dizer, já que a maioria das pessoas não apenas desconhece o conceito como nem mesmo alguma vez ouviu sequer falar de tal coisa. No fim de contas, o próprio termo presta-se a confusões visto que difere numa única letra de “lusofonia”; evidentemente, apesar da semelhança “sonora”, o significado do substantivo “lusofobia” — que remete para uma atitude concreta — não tem absolutamente nada a ver com a ideia abstracta e indefinida de “lusofonia”, uma palavra vazia de significado que serve apenas finalidades e objectivos políticos.

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O “Público” e a sua nova Direcção (ou será “direção?)

Os colunistas e o novo acordo ortográfico

O jornal continuará a publicar textos de colunistas e convidados que seguem o novo acordo ortográfico.

José Manuel Barata-Feyo
17 de Setembro de 2022
«Uma das razões que levam o leitor Elysio Correia Ribeiro “a assinar e a ler diariamente o PÚBLICO é a de não ser agredido com o português (?) do ‘aborto’ ortográfico”. “Neste aspecto, o jornal é caso único – julgo – no confrangedor panorama da imprensa escrita que, sem ser a isso obrigada, correu a cumprir uma lei que, ainda por cima, foi adoptada à revelia do que ela própria afirmava (tinha de ser implementada por todos os países lusófonos) por uma classe política farisaica e ignorante, e contra a opinião de praticamente todos os que profissionalmente manejam a língua.”»

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É um caso sui generis no panorama da imprensa portuguesa generalista de implantação nacional. Existem outros jornais que igualmente recusam a cacografia brasileira — como o “Novo” ou “O Diabo” ou o “Página Um” –, mas foi o “Público” aquele que há mais tempo declarou expressamente a sua determinação em continuar a ir para as bancas (e para a Internet) sempre redigido em Português; inclusivamente, e isto não é coisa pouca, dadas as óbvias implicações políticas da decisão, a Direcção lançou em 2015 a edição “Público – Brasil”, igualmente no «português escrito em Portugal».

Desde pelo menos 2011, sucederam-se naquele jornal os artigos denunciando o estropício, tanto de jornalistas “da casa” como de colaboradores ou colunistas externos e ainda um sem número de artigos de opinião dos autores mais diversos, de “figuras públicas” — representando, no seu conjunto, todo o espectro partidário — ao mais comum dos leitores — também transversalmente, de diversas origens, estatutos sociais e grau de escolaridade ou académico.

De entre todos os artigos ali publicados sobre o #AO90, a maioria dos quais foram aqui reproduzidos, merece especial destaque Nuno Pacheco, director adjunto e (evidentemente) membro do Conselho de Redacção do jornal; apenas deste autor, é possível contar 51 “posts” no site da ILCAO (12.09.200817.06.2015) e outros 82 aqui mesmo, no Apartado. Nota de relevo ainda para o comentador político Pacheco Pereira que, além de diversos textos sobre o assunto, cunhou a expressão porventura mais certeira e exacta para descrever a língua univérrssáu e suas consequências: «um Acordo Ortográfico que se pretende impor manu militari».

Pois agora o que se prefigura na Redacção do “Público”, num futuro bem mais imediato do que seria previsível há apenas alguns meses, é a mudança do Director. Com tudo aquilo que essa mudança poderá implicar, evidentemente. Para já, o que sabemos sobre as orientações redactoriais e, por consequência, a respeito do que poderá (ou não) vir a suceder quanto ao AO90, é que… não sabemos coisa nenhuma; sobre isso, pelo menos até ao momento, nem uma palavra. O que não costuma ser bom prenúncio; por definição, o silêncio precede algo de muito “barulhento”…

Bom, sejamos optimistas. Como se diz em brasileiro, pensámentu pôzitchivu

(Qui orrô, mi adisculpi, viu?)

Conviria, porém, mesmo tentando ver a coisa pelo lado bom, não dar uma de anjinhos. “Conteúdos editoriais” e “conteúdos comerciais”, especialmente quando concatenados ambos os termos na mesma frase, não aparenta de facto — nada, nada, nadinha — ser bom prenúncio. Em 2020, que se saiba — e pouco ou nada mais se soube sobre o assunto daí em diante –, o Governo, com um gesto magnânimo e extremamente generoso, espalhou 15 milhões pelas redacções e, principalmente, pelas “redações” de jornais, rádios e canais de TV; para pagar “publicidade institucional”, dizem.

Tais “ajudas”, depreende-se, irão somar-se à mesmíssima publicidade institucional que toca aos OCS de forma regular: éditos, avisos, alertas, concursos etc. Aliás, essa regularidade é uma das mais importantes fontes de financiamento no ramo, chegando em alguns casos a ser a única receita para além das vendas do produto jornalístico em si, em papel ou por meios digitais, neste caso com publicidade paga também pelo sector empresarial privado.

Bem vistas as coisas, assim como sucede quanto ao próprio acordo da língua brasileira, isto é tudo uma questão de dinheiro. O qual, como sabemos, não tem nem cor (bem, as notas de dólar, se calhar por serem verdes, gozam das preferências gerais) nem opinião nem credo e nem mesmo nacionalidade. Como dizia já não sei quem, “um escudo é um escudo”. Agora, o escudo até já nem tem cotação cambial, mas não faz mal, se não houver dólares pode ser em euros, ou em francos suíços, vá, no problem, isso troca-se numa data de offshores.

Não há-de ser nada. Fiemo-nos noutra coisa sem ser na virgem. Decerto o “Público”, onde é tudo boa rapaziada, estará, ao invés do que sucede com a maioria dos media tugas, imune a qualquer OPA governamental. O que significará, por conseguinte, que poderemos continuar a ler aquilo em paz e sossego, sem conspurcações brasileirófonas.

Esperemos que ao menos desta vez haja um escrutínio realmente democrático e que naquela Redacção ninguém acabe a votar sozinho.

Casamento de novo director do Público com deputada do PS levanta reservas

Margarida Davim
revista “Sábado”, 10 de Abril de 2023
www.sabado.pt

Conselho de Redacção do Público deu parecer positivo ao nome de David Pontes para substituir Manuel Carvalho. Mas, em declaração de voto, duas jornalistas defendem que preocupação quanto às fronteiras entre conteúdos editoriais e comerciais e casamento com socialista deviam ser “motivo para dar um parecer negativo à indicação” do novo director.

O jornal Público já tem novo director indigitado. David Pontes sucederá a Manuel Carvalho quando, a 1 de Junho, este sair da direcção do diário da Sonae. O nome escolhido pela administração teve o parecer positivo do Conselho de Redacção. Mas os jornalistas que compõem este órgão deixaram, nesse texto, claras as reservas que Pontes lhes suscita.

Uma das preocupações dos jornalistas do Público é a de que esta nomeação não dê garantias de uma separação entre os conteúdos editoriais e os comerciais.

“Atendendo à natureza das funções recentemente desempenhadas por David Pontes nesta e noutras empresas de comunicação social, o CR entende, porém, ser imperioso sublinhar que o novo director deve garantir e zelar por uma clara distinção entre as esferas editorial e comercial e reforçar os mecanismos de transparência do jornal quanto aos conteúdos apoiados e aos conteúdos promovidos“, lê-se no parecer a que a SÁBADO teve acesso e que foi redigido já depois de Pontes ter respondido a um pedido de esclarecimentos a este órgão.

“A independência e o rigor informativo são os principais activos desta redacção e devem constituir prioridade para a nova direcção editorial, à qual compete a missão de preservar a marca Público, salvaguardando-a da dispersão e da descaracterização que podem advir da multiplicação de chancelas e projectos”, frisam o Conselho de Redacção.

Director deve abster-se de escrever sobre temas em que é “parte interessada”

Os membros do Conselho de Redacção alertam ainda para a necessidade de o novo director evitar conflitos de interesse nas matérias sobre as quais escreve, defendendo que “os jornalistas do Público, e por maioria de razão o seu director, devem inibir-se de escrever sobre questões em que possam ser considerados parte interessada e recomendam a esse respeito uma política de transparência perante os leitores”.

Em causa está o casamento de David Pontes com a deputada do PS Carla Sousa. De resto, este parecer tem uma declaração de voto assinada por duas jornalistas que entendem que esta circunstância e as dúvidas sobre a separação entre o que são conteúdos jornalísticos e conteúdos comerciais seriam por si só suficientes para o Conselho de Redacção chumbar o nome de Pontes.

“Subscrevemos as reservas apontadas pelos nossos colegas do CR, que partilhamos, mas, no nosso entender, estas são motivo para dar um parecer negativo à indicação de David Pontes para novo director do Público”, escrevem numa declaração de voto, na qual expressam preocupação pela “frágil delimitação das fronteiras entre os conteúdos editoriais e os conteúdos apoiados, a qual ameaça os princípios fundadores do Público e retira o foco do jornalismo a que nos devemos dedicar”.

A declaração de voto defende ainda que, sendo David Pontes casado com uma deputada do PS, é “inadequado que não considere que se deva abster de fazer comentário político, evitando assim a suspeição sobre óbvios conflitos de interesses”.
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A “terrinha”

Constituição da República Portuguesa

PARTE I – Princípios fundamentais
Artigo 9.º
Tarefas fundamentais do Estado

a) Garantir a independência nacional e criar as condições políticas, económicas, sociais e culturais que a promovam; (…)
d) Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo bem como a efectivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais (…);
e) Proteger e valorizar o património cultural do povo português (…);
f) Assegurar o ensino e a valorização permanente, defender o uso e promover a difusão internacional da língua portuguesa; (…)

PARTE III – Organização do poder político
TÍTULO II – Presidente da República
Artigo 127.º – (Posse e juramento)

(…)
3. No acto de posse o Presidente da República eleito prestará a seguinte declaração de compromisso:
Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.

⇐——————–⇔

Marcelo Rebelo de Sousa: “Portugal tem de lutar para dar a supremacia ao Brasil”

Questionado pela plateia sobre as vantagens do novo Acordo Ortográfico entre países lusófonos, que deverá entrar em vigor em 2014, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se a favor, defendendo que “há um debate artificial sobre a questão “. O professor disse que as alterações ao acordo “não são substanciais” para a Língua Portuguesa.
Marcelo referiu que o Brasil hoje é a maior potência económica e o maior país lusófono e realçou a ideia que “Portugal precisa mais do Brasil, do que o Brasil de Portugal”. Afirmou que o acordo tem “virtuosidades” e disse que “para Portugal conseguir lutar pela lusofonia no mundo tem de lutar por dar a supremacia ao Brasil.

Source: Marcelo Rebelo de Sousa: “O mundo da lusofonia tem de assumir que a liderança é do Brasil”
– JPN – JornalismoPortoNet, 1 de Maio de 2008

Receita de bolinho de bacalhau

Queremos despedaçar Portugal
Matar e comer, eis nosso desejo.
Foda-se os bons costumes e a moral
Foda-se Camões, os Pedros, o Tejo.
Queremos bombardear Portugal
Seus livros, estátuas, navios, cruzes
Que este incêndio nos livre do mal
E limpando o tapete acenda as luzes.
Ai, queremos violentar Portugal
Escarrar na língua, cagar no porto
Ver um futuro em que seja banal
O luso passado enterrado e morto
O nosso seio está seco de leite
De Portugal apenas o mar e o azeite.

Bruna Kalil Othero

Recusa de assinaturas pela Língua Portuguesa na Feira do Livro do Porto

«A Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do Acordo Ortográfico (ILC-AO) foi impedida de levar a cabo acções de recolha de assinaturas nos jardins do Palácio de Cristal, local onde desde sábado decorre a Feira do Livro do Porto.» (…)
(…) «O comissário Nuno Artur Silva, é conhecido desde há muito, «preferia já estar a escrever à brasileira» para «em vez de falar para dez milhões de pessoas falar para duzentos ou trezentos milhões», como referiu em 2011 em entrevista a um canal televisivo. Em 2014, num colóquio promovido pela Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), manifestou-se convicto de que «no futuro todos vamos escrever em brasileiro e que o português vai ser uma variante regional da língua brasileira», segundo noticiou a organização.» (…)

[revista “Abril Abril”, 10.09.2019]

Nuno Artur Silva, da administração da RTP a secretário de Estado de António Costa

Em 2015, Nuno Artur Silva chegou ao Conselho de Administração da RTP, a estação pública de rádio e televisão. Foi substituído n’O Eixo do Mal por Aurélio Gomes, o apresentador até aos dias de hoje, assumindo na RTP o pelouro dos conteúdos.
Deixou o board da empresa pública no ano passado, depois de um diferendo espoletado pela Comissão de Trabalhadores. Em causa, o facto de Nuno Artur Silva manter-se proprietário da “Produções Fictícias” mesmo depois de ter prometido vender a posição quando assumiu o cargo na administração, algo que não chegou a fazer.

Face a isto, o Conselho Geral Independente da RTP não reconduziu Nuno Artur Silva para um novo mandato de três anos, uma decisão justificada pelo órgão com uma incompatibilidade provocada pela “irresolução do conflito de interesses entre a sua posição na empresa e os seus interesses patrimoniais privados”.

ECO”, 21.10.2019

Período de governação: 2019-10-26 até 2022-03-30

Biografia

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«Um contínuo elogio da loucura» [Maria do Carmo Vieira, 11.02.23]

Ortografia e “linguagem inclusiva”: um contínuo elogio da loucura

Senhor Presidente, certamente que verá e ouvirá os inúmeros erros decorrentes do uso do AO 90 e por isso lamento que silencie essa situação.

Maria do Carmo Vieira
“Público”, 11 de Fevereiro de 2023

No seu filme O Destino (1997), Youssef Chahine (1926-2008), realizador egípcio, mostra-nos, a dada altura, o filósofo do Al-Andaluz, Averróis, em discussão com o filho mais novo do Califa, Al-Mansur, recém-fanatizado em dogmas forjados e fundamentalistas (numa associação às seitas jihadistas). Transcrevo as suas palavras, bem elucidativas da leveza com que se encara o estudo e da arrogância com que se impõe uma pseudo-sabedoria: És tão vazio que repetes todos os disparates de que te enchem. Um poema e dois versos corânicos e julgas-te poeta e sábio? Que sabes de medicina e de astronomia, de matemática e de química e de filosofia? Sabes o suficiente do amor, da verdade, da justiça para afirmar-te capaz de espalhar a palavra de Deus? Responde!”

Certamente que a sua leitura nos remeterá simbolicamente para inúmeras situações que já presenciámos, desconhecendo contornos, ou vivenciámos directamente, conhecendo-as por dentro, resumindo-se a questão grosso modo à facilidade com que aprendizes de feiticeiro (ou popularmente “chicos-espertos”) se arrogam o direito de impor, e serei benévola no substantivo, o erro e divulgá-lo religiosamente como dogma, em nome de qualquer coisa que é sempre perspectivada como um bem. Uma atitude que não me coibirei de descrever como execrável. E não abdico do termo porquanto a acção das brilhantes mentes, habitualmente matizada pelo cinismo de um sorriso benevolente, nos impõe a ignorância, conseguindo, quantas vezes, apagar valores que considerávamos profundamente gravados em nós.

A pressão que se abate sobre quem tenta reagir é tão feroz que o facto de ter usado acima o termo, gramaticalmente correcto, de “substantivo”, poderá ser ajuizado, pelos criadores da TLEBS, que à revelia o transformaram em “nome”, como um acto de “resistência à mudança”, expressão acusatória para quem põe em causa “a nova ordem”. E até o facto natural de referir por Escola Primária o agora designado 1.º ciclo pode ser, para os fundamentalistas da “nova escola”, objecto de censura por ainda estarmos imbuídos, imagine-se, de um “saudosismo salazarista”.

E neste contínuo elogio da loucura que transparece nos actos e nas palavras de quem quer impor-se, arrastando os outros nas suas tortuosas experiências, vamos assistindo a uma miríade de situações que parecem não ter fim e que, ao invés de serem travadas ou avaliadas criticamente por quem de direito, recebem o apoio, de forma velada ou não, de quem abdicou de ser um advogado à altura. A este propósito penso no Presidente da República e no seu papel quer em relação ao Acordo Ortográfico de 1990 (AO90) quer à dita “linguagem inclusiva”.

Comecemos pelo AO90, cujo processo inicial se deveu à vontade de um político, o presidente do Brasil, José Sarney, que, movido sabe-se lá por que razões, se lembrou de promover, em 1986, um encontro, no Rio de Janeiro, com todos os países de língua oficial portuguesa, e cujo texto resultante deste encontro – Acordo Ortográfico de 1986 – foi fortemente contestado pelos linguistas e nunca aprovado por eles nem pela sociedade civil.

É por demais conhecido o que se passou depois da paciente espera para uma melhor oportunidade de concretização, que surgiria em 1990, sendo a novidade justificada numa inimaginável e acientífica “Nota Explicativa ao Acordo Ortográfico de 1990”. Bastar-nos-á recordar o pretenso objectivo para este AO: a irrealizável “unidade ortográfica”, na diversidade das lusofonias. Amplamente divulgadas foram também as negociatas que adulteraram o conteúdo do Tratado Internacional, originando protocolos modificativos e ratificações que até agora não se fizeram. A discussão a seu tempo feita na Assembleia da República é também um exemplo flagrante de um elogio à loucura, ajustando-se igualmente ao teor das palavras de Averróis. Na verdade, a ignorância elevou-se e nem faltou a galhofa, entre os deputados presentes, até à insultuosa votação final. As actas podem ser consultadas.

Feita esta breve introdução, lembremos como o Presidente da República, no seu primeiro mandato, se mostrou interessado pelo tema do acordo ortográfico, polémica que ainda se mantém, parecendo, nessa altura, não tencionar abandonar essa preocupação. Nas palavras de Pedro Mexia, um dos seus assessores culturais, “havia a expectativa” de que o Presidente reabrisse o debate sobre a matéria, o que aliás lhe fora sugerido também pelo prestigiado Professor Artur Anselmo, então presidente da Academia das Ciências.

Anos mais tarde, o acordo, fruto de um qualquer truque de ilusionismo amador, tornou-se “um não-problema”. Em suma: a língua portuguesa deixou de ser um património cultural a defender, estando sujeita a jogadas políticas, e o seu ensino deteriorou-se no convívio com o caos determinado pela implementação do famigerado acordo, um caos que não só se verifica na ortografia, como também na pronúncia de “novas palavras” e nos equívocos que gera (retractar, agora sem “c” é disso um exemplo, entre tantos outros).

Lembrar-se-ão também da Associação de Professores de Português (APP) que solicitou recentemente ao ministro da Educação que os alunos brasileiros não fossem penalizados nos exames, devido às diferenças linguísticas que colidem com a norma portuguesa. Por estranho que pareça, não rebateram a absurda “unidade ortográfica” que justificou o AO e que a APP sempre apoiou. Afinal, a situação exposta pôs a nu o inegável: a impossibilidade de uma unidade ortográfica.

Senhor Presidente, certamente que verá e ouvirá os inúmeros erros decorrentes do uso do AO 90 e por isso lamento que silencie essa situação, que julgo não se adequar a um professor e a um Presidente que afiançou “ser de todos os Portugueses”. Lamento igualmente que os seus assessores culturais, alguns deles críticos do acordo, e amantes da palavra, não lhe tenham sugerido a imperiosa necessidade de um debate académico e científico sobre a matéria quando é por demais evidente a permanência da polémica, existindo livros que a analisaram em pormenor, nomeadamente os do professor A. E.[1], linguista da Universidade Nova. Os exemplos de erros são incontáveis e a sua ininterrupta proliferação vilipendia a Língua Portuguesa, mal falada e mal escrita, com a agravante de nem mesmo o que ficou registado no texto da Nota Explicativa se cumprir.

São inúmeros os professores que respondem a dúvidas dos alunos sobre o modo correcto de escrever algumas palavras, tal a confusão que reina. Um colega meu de Tomar, João Barroca, tem ao seu dispor centenas, senão milhares, de exemplos das confusões ortográficas no quotidiano e na comunicação social. Situação idêntica em instituições escolares, camarárias e outras (elevado número de Editoras, entre as quais a Fundação Francisco Manuel dos Santos, plataformas de streaming…) que deviam prezar pela correcção e a esquecem.

Lamenta-se igualmente a resignação de alguns intelectuais que traem, com o seu silêncio, a causa em que publicamente se movimentaram e empenharam, apresentando inclusive propostas, como aconteceu com o Professor António Feijó, da Faculdade de Letras de Lisboa, em relação a um referendo, sugestão com a qual não concordei, na altura, mas para a qual trabalhei arduamente, e em vão, com grande número de voluntários.

Não posso deixar de transcrever também as razões que assistiam ao então director e presidente do Conselho Científico da Faculdade de Letras (2013), agora presidente da administração da Fundação Gulbenkian, quando escreveu ao presidente da Comissão de Educação, Ciência e Cultura, José Ribeiro e Castro, a propósito do AO: “[…] Arrogar-se o Estado legislar sobre intangíveis como a língua, que na realidade o excedem, seria uma extensão abusiva das suas funções. Numa altura em que, em Portugal, se procura definir com parcimónia quais as funções do Estado, a sua extensão a um domínio como a língua é uma forma de cesarismo indesejável. É este o meu primeiro argumento contra o Acordo. […] Finalmente, alterar o modo como escrevo para o modo como o Acordo impõe que escreva é uma forma de violência sobre o que de mais visceral pode ser a identidade pessoal. É nesta visceral violação subjectiva, que é a de todos os que, escrevendo de um modo, se vêem coagidos a mudá-lo, que reside o meu segundo, e último, argumento contra o Acordo. Se se entender que esta posição não é ‘prática’, considere-se a desoladora pobreza conceptual deste termo no debate público, que ignora versões nocionalmente mais ricas e densas do que é ‘prático’. Eminentemente ‘práticas’ são noções como a de ‘direitos individuais’, a de ‘personalidade’, de ‘solidariedade’, ou de um valor demasiado rarefeito na história moderna e contemporânea de Portugal, à sombra do qual termino, a ‘liberdade’.”

Também na Gulbenkian, encontramos estranhas convivências determinadas pelo AO: “Egito”, “egípcios” e “egiptólogos”, a propósito de Faraós superstars – designação tão em moda, a fazer lembrar Oeiras Valley!

Os erros mais crassos, e que não têm fim à vista, dizem sobretudo respeito a vocábulos cujos “c” e “p” continuam a ser ceifados a torto e a direito, mesmo quando lidos. “Contato” e “Fato” atingem o top, sendo o jornal Expresso o campeão, mas não falta também o “inteletual”, o “abruto”, a “convição”, a “batéria” e tantos outros que o Senhor Presidente certamente encontrará no seu dia-a-dia. Não o preocupa esta situação? Não o preocupam os alunos que diariamente são confrontados com erros? Não o preocupa que os professores, na sua maioria contrários ao acordo, sejam forçados a cumpri-lo sob pena de lhes ser instaurado um processo disciplinar?

Reparei igualmente que o Senhor Presidente parece ser sensível à linguagem inclusiva”, uma linguagem criada por quem faz tábua rasa da Gramática e da lógica da língua, pretendendo impor a sua verdade, tal dogma indiscutível. Devo confessar-lhe que a sua preocupação, recente no tempo, de se dirigir aos portugueses, referindo “Portugueses e Portuguesas” me causou estupefacção e creia que não me senti mais respeitada por isso.

Saberá que há quem acerrimamente defenda que a par de “camaradas”, se diga também “camarados” e certamente “camarades”, justificando-se a sequência com a dita inclusão. Assim sendo, surgiriam “crianças, crianços e criances” ou “colegas, colegos e colegues” e os exemplos seriam infinitos e a escrita um acto de demência, concordará. E o que fazer ainda no caso de “estudante”, de “presidente” ou de “personagem” ou como resolver o problema dos artigos definidos e indefinidos que se cingem a masculino e feminino? É o tipo de raciocínio chão, da leviandade que caracteriza toda a ignorância, da feroz mania de avaliar, de dissecar, de expor ostensivamente, de inovar por inovar.

Sem dúvida que a atitude miserabilista que tomou conta destas mentes alastrou a situações afins, determinando o clímax acontecido recentemente no Teatro de S. Luís. Uma insanidade, muito aplaudida, apesar de pôr em causa o Teatro, o acto de representar e a saída de cena. Um flagrante elogio da loucura, não concorda, Senhor Presidente?

Quero ainda acreditar que o AO tornará a ser um problema, na sua perspectiva, como aconteceu há uns anos, porque é intolerável o actual desrespeito pela Língua Portuguesa e pela sua ortografia. E porque ficou por satisfazer o pedido do Professor Artur Anselmo, cujo estudo aturado merece o respeito e a admiração de todos nós, porque não agora?

Por último, desejo felicitá-lo pelo seu abraço ao imigrante nepalês, cobardemente espancado, em Olhão, por quem segue os ditames da seita já conhecida. Também aqui será de acompanhar a situação do imigrante nepalês, que, no fundo, representa todos os que procuram trabalho em Portugal (e quanto lhes devemos!…) já que se multiplicam de norte a sul os lobos com pele de cordeiro. O seu abraço, senhor Presidente, não pode ser em vão. Tem de significar alguma coisa no futuro deste nepalês.

[Transcrição integral de artigo, da autoria de Maria do Carmo Vieira,
publicado no jornal “Público” de 11 de Fevereiro de 2023. “Links” (a cor verde) e destaques meus.]
[1] Nome reduzido a iniciais a pedido do próprio.

[O diálogo mencionado no início do texto transcrito está neste extracto (dobrado em Francês), a partir dos 3m:45s.]