3%

«Fotografia aérea dos Liceus Salazar/D. Ana da Costa Portugal, actualmente Liceu Josina Machel. Situado na Polana, o complexo foi edificado no final dos anos 1940 e dos pontos de vista arquitectónico e funcional é considerado dos mais bem conseguidos.»«Fotografia aérea dos Liceus Salazar/D. Ana da Costa Portugal, actualmente Liceu Josina Machel. Situado na Polana, o complexo foi edificado no final dos anos 1940 e dos pontos de vista arquitectónico e funcional é considerado dos mais bem conseguidos.»

A ofensiva neo-colonialista continua, sistemática e implacável, qual rolo compressor, através da imposição brutal da língua nacional brasileira; com a cobertura política da sua invenção primordial — a chamada CPLB (Comunidade dos Países de Língua Oficial Brasileira) –, os mandantes brasileiros e os paus-mandados portugueses vão demolindo cada vez mais vastas zonas dos países que no passado foram colónias portuguesas;  paulatinamente e com a prestimosa conivência de “técnicos”, de “académicos” e, em especial, de políticos tugas (labregos deslumbrados, cretinos patológicos e vigaristas profissionais), a golpada está já largamente disseminada, começando a infectar outros países além de Portugal. Como é o caso relatado na notícia (pura propaganda) agora aqui reproduzido.

É arrepiante de facto. Como Portugal “já está” e enquanto ainda não lhes é possível enterrar o dente naquilo que de essencial os move, isto é, Angola, então no imediato segue-se, por exemplo, Moçambique (e Timor-Leste, servindo este micro-país como tubo de ensaio).

Muita coisa haveria a dizer sobre o episódio, se bem que tristemente sumarento, ou seja, amargo, porém não vale a pena maçar as pessoas com a irritante trivialidade das evidências: o Brasil mai-los seus tugas apaniguados desembarcaram em Moçambique, a 2.ª das ex-colónias portuguesas a ser abocanhada  (Timor-Leste também “já está”, como Portugal), e ali vão iniciando o seu trabalho de terraplanagem. Quais bandeirantes do avesso, com o solícito empenho do Ministro dos Negócios Estrangeiros e de outras entidades portuguesas igualmente cooperantes, os enviados do Itimaraty inauguraram — a coberto do AO90, o guião da palhaçada, e da respectiva “difusão internacional da língua” brasileira — a tomada de posse administrativa de Moçambique.

Para os 3% de Moçambicanos falantes de Português (na escrita, devem ser algo como 1%, ou coisa que o valha), a neo-colonização deve ser uma grande alegria, digo eu. Terá sido a um qualquer moçambicano, aliás, digo eu também, que repente ocorreu que. por exemplo, a maiúscula inicial nos meses do ano provocava imensas comichões e que era tremendamente incómodo (e inútil) ter de redigir um porradal de “consoantes mudas”. Pronto, é uma explicação como outra qualquer, agora já se sabe quem e porquê se lembrou de esgalhar o AO90, foi um moçambicano que certo dia acordou com os pés de fora.


Projecto do primeiro Dicionário de Português de Moçambique arranca com formação em Maputo


Jornal “Mundo Lusíada” (Brasil), 13.03.21

Da Redação
Com Lusa

Os trabalhos para a elaboração do primeiro dicionário de língua portuguesa de Moçambique (DiPoMo) arrancaram, em Maputo, com uma formação promovida pela Cátedra de Português da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), anunciou o instituto Camões.

O anúncio do arranque do projecto para o lançamento de um dicionário de língua portuguesa de Moçambique, com financiamento do instituto Camões, através do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), tinha sido feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, no início de Março no parlamento português.

“É o primeiro dicionário da língua comum de Saramago e Mia Couto que se publicará fora de Portugal e do Brasil”, disse na altura Santos Silva.

De acordo com uma nota do instituto Camões, no âmbito do Projecto DiPoMo – Dicionário do Português de Moçambique, a Cátedra de Português Língua Segunda e Estrangeira na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), em Maputo, promoveu, no início de Março, o primeiro curso de formação sobre a construção do “corpus do português de Moçambique”.

A formação, que decorreu de forma virtual, contou com a participação de investigadores e representantes de cada uma das províncias moçambicanas.

O Dicionário de Português de Moçambique surge na sequência da construção e publicação, em 2014, do Vocabulário Ortográfico Moçambicano da Língua Portuguesa – VOMOLP, “recurso que permitiu descrever o português moçambicano” e “desenvolver um primeiro recurso linguístico de larga escala”, segundo a nota.

O VOMOLP é parte integrante do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC), acervo do qual constam vocabulários ortográficos de outros países de língua portuguesa.

De acordo com o instituto Camões, a construção do DiPoMo, numa perspectiva de descrição global do léxico da variedade moçambicana da língua portuguesa, permite o seu uso em instituições de ensino e serve de base para a construção de recursos didácticos adequados a Moçambique.

Servirá igualmente de base para a criação de recursos computacionais, nomeadamente de reconhecimento e síntese de voz, correcção ortográfica e indexação semântica.

O projecto é coordenado por Inês Machungo, da UEM, José Pedro Ferreira, do CELGA-ILTEC e Maria João Diniz, da UEM, e conta com a participação de linguistas, professores e outros profissionais da área das línguas de todas as regiões de Moçambique e ainda com um corpo de consultores de outros países de língua portuguesa, incluindo Portugal.

[Transcrição integral de artigo publicado em Mundo Lusíada no dia 13.03.21. Sendo o jornal brasileiro foi mantida a cacografia brasileira do original. Destaques e “links” meus. Foto de topo do blogLagoa Bay World” (legenda citada do original).]

[Os textos que eventualmente sejam publicados na imprensa usando a cacografia brasileira no original e aqui reproduzidos são automaticamente corrigidos com a solução Firefox contra o AO90 através da extensão FoxReplace do browser.]

 
Principais línguas em Moçambique (1998)Mz etniesJolle, CC BY 3.0, via Wikimedia Commons
Língua Totais de falantes % da população
Emakhuwa 4,007,010 24.8
Cisena 1,807,319 11.2
Xitsonga 1,799,614 11.2
Elomwe 1,269,527 7.9
Cishona 1,070,471 6.6
Xitswa 763,029 4.7
Xironga 626,174 3.9
Chichewa 607,671 3.8
Portuguese
(Mozambican)
489,915 3
Cinyungwe 446,567 2.8
Cicopi 406,521 2.5
Ciyao 374,426 2.3
Shimakonde 371,111 2.3
Ekoti 102,393 0.6
Kimwani 29,980 0.2
Swahili 21,070 0.1
Swazi 7,742 0.05
Zulu 3,529 0.02
Total 16,135,403

Tradução de dados originais de Wikipedia (em Inglês)


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