Intoxicação acordista “a contrario”

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Estaria disposto a: verbo no condicional e dupla condição remetendo para uma “ideia” de dificuldade, denotando incómodo por antecipação.

voltar atrás: é o contrário de “seguir em frente”, claro, o que “implica” reaccionarismo por oposição a “progressismo”.

Estaria disposto a voltar atrás: carga negativa, juízo valorativo implícito, insinuação de retrocesso quanto a um (putativo) facto consumado.

no uso do Acordo Ortográfico: por exclusão de partes, toda a gente “usa” o AO90, nem se coloca a questão de alguém não o usar.

Estaria disposto a voltar atrás no uso do Acordo Ortográfico? : isto não é uma pergunta, é uma série de afirmações com um ponto de interrogação no fim, a fingir que se trata de uma pergunta. Responder “sim” ou “não” vem a dar rigorosamente no mesmo: o respondente aceita implicitamente, no mínimo, que usa o AO e que este significa progresso.

Sim,: a “resposta” positiva implica que o respondente usa o AO, que este significa progresso, que toda a gente o usa, que nem se coloca a questão de alguém não o usar, que é um facto consumado e que “voltar atrás” seria um retrocesso ao qual o respondente se disporia apenas e só porque…

ainda não me habituei: o advérbio (“ainda“, o que significa “até agora”) implica que será apenas uma questão de tempo, nada mais, e mesmo isso deve-se somente à “incapacidade” (estupidez, reaccionarismo) do respondente, que não se “habituou” porque é burro, velho, teimoso.

a usar as novas regras: de novo, a forma verbal implica “presente contínuo”, ou seja, o respondente “está a usar” o AO90 (porque “toda a gente o usa e nem se coloca a questão de alguém não o usar”); na expressão “novas regras” há uma carga “progressista” em “novas“, por contraposição à carga negativa do respectivo antónimo (“velhas”), e há um substantivo plural valorativo (positivo), já que qualquer pessoa normal sabe que o AO90 não tem regras algumas, é apenas papel de embrulho.

Sim, ainda não me habituei a usar as novas regras: “optar” por esta “resposta” ao “inquérito” de “opinião” equivale a aceitar implicitamente todas as “ideias” impostas a todos os respondentes por quem criou o “inquérito” e implica a colaboração explícita de quem “responder” para com os objectivos propagandísticos e de intoxicação da opinião pública promovidos pelos agentes acordistas.

Não, as crianças já aprendem o novo Português há 5 anos: este “não”, como se vê, é praticamente o mesmo que “sim”, visto que apenas serve para complementar ideologicamente a resposta positiva. Evidentemente, a escolha de “as crianças” também não é arbitrária (apelo emocional) e a do verbo (“aprendem“) não é casual (como se fosse possível aprender/compreender o absurdo). Sobre “o novo Português” nem digo nada, pois tão abjectamente evidente é a terminologia propagandística e porque já estou tão enojado com isto que acho até melhor ficar por aqui.


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