Uma história (muito) mal contada [XXIII]

Igreja_de_São_Francisco_de_Évora_-_Entrada_da_Capela_dos_OssosPai Nosso que estais no céus santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação mas livrai-nos do mal. Ámen.

“Quantas assinaturas «temos»?” – 2

Confesso que nunca entendi, no “Pai Nosso”, a expressão “perdoai-nos as nossas ofensas”. Não percebo nada do assunto, a bem dizer — e literalmente — sou um perfeito leigo na matéria, mas, enfim, vejamos, quem ofende a Deus não incorre em pecado mortal? E se uma pessoa, se bem que formal e inerentemente pecadora, jamais O ofendeu? Nesse caso porque deverá pedir perdão por ofensas que não cometeu? Além disto, que já é aborrecido, o resto da oração na oração (“assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido“), peço desculpa pelo estilo blunt mas a coisa cheira-me a negociação manhosa, ou seja, parece que a gente está ali a pechinchar umas coisas com o Altíssimo, troca por troca, toma lá perdão, dá cá perdão.

Sobre esta matéria já Mateus se interrogava (18:21-22), interpelando o próprio Cristo:
«’Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?’ E Jesus respondeu: ‘Não até sete, mas até setenta vezes sete’»

Mistérios, como sabemos. Palpita-me, porém, esperando sinceramente não incorrer pelo dito no pecado, que eu cá devo ter perdoado, só desde 2008 e apenas no que toca à história que aqui se narra, um pouco mais do que 70X7 vezes. Entre traições e  deserções, injúrias e insultos, calúnias e difamações, foi algo como 71X7 vezes, isto é, contas redondas, uns 497 perdões. Ora, isto é um balúrdio, quase meio milhar, e por conseguinte — sem negociar, hem, que estamos aqui entre pessoas de bem — presumo já ter assegurado o meu lugarzinho no céu.

Por exemplo, voltemos à Terra, aquilo do apelo público a que os subscritores da ILC-AO “desassinassem” em massa: está perdoado, pronto, não se fala mais nisso.

Aliás, no caso desse rapaz houve que emitir perdões em série, tipo rolo de Ticket-O-Matic.

Apareceu o moço, surgido do nada, um ou dois dias depois do “2 de Fevereiro” e um ou dois meses depois da “aparição” já nos estava a “exigir” que o seu “perfil” de “subscritor” e o da senhora sua mãe constassem da nossa “galeria”; nesta apenas entravam perfis de subscritores, apoiantes e activistas convidados por nós, mas aquela dupla “exigência” foi logo ali perdoada, à cabeça, pronto, siga, lá colocámos ambos os perfis; posteriormente, o mesmo moço “exigiu” o apagamento da sua subscrição (e da de sua mãe) e do seu  perfil na “galeria” (idem quanto à  progenitora dele), ora, pois com certeza, é já a seguir, apaguem-se segundo as próprias vontades, adeus, estão ambos perdoados. Perdoámos-lhe igualmente quando teve (?) a ideia de se recolher assinaturas na Feira do Livro de Lisboa e fez o favor de nos dizer tudo aquilo que deveríamos fazer, tintim-por-tintim, materiais e pessoal necessários, etc., mas que estava demasiadamente ocupado para fazer ele mesmo fosse o que fosse, bom, está bem, isso é fácil,  perdoe-se. Depois, afinal, acabou por arranjar tempo, ao menos para recolher as assinaturas que deveriam ter sido remetidas para “o dito apartado de Carcavelos“, isto é, para a ILC-AO.

On 03-05-2012 19:39, I** M***** B****** wrote:

Cara Isabel Monteiro,
Não estava combinado que se deixasse as assinaturas na Gradiva.
No mail seguinte, eu reiterei que eles não queriam perturbações no “stand”.
Segundo uma fonte da ILC, as assinaturas são pessoais; devem ser guardadas pelos voluntários.
Disse num mail anterior que as recolheríamos no jantar (de dia 17 de Maio, no restaurante “A viúva”); ou, em alternativa, dando a uma pessoa que vá ao jantar.
Abraço,
Ivo MB

Isto, esta sonegação das subscrições, como já aqui foi explicado, é que não me parece seja lá muito fácil de perdoar.

voluntariosfakebook

Dificuldade, de resto, que se estende a bastantes outras coisas (e pessoas e factos) que não puderam ser assim tão facilmente perdoadas. Talvez um dia, porém, que não queremos levar detritos para o tal lugarzinho no céu.

O antigo aforismo popular “anda meio mundo a lixar a vida a outro meio” está profundamente desactualizado, de tão optimista. Portugal está a abarrotar de gente que, além de não se enxergar, não consegue perdoar-se a si mesma pela sua própria mediocridade e portanto busca incessantemente formas de se vingar, com requintes de malvadez, em todos aqueles que porventura consigam (ou sequer tentem) produzir alguma coisinha de jeito.

Onde estarão estas assinaturas?Para esta espécie de gente vale tudo. Depois de se tornarem “voluntários de recolha de assinaturas” da ILC e usarem essas mesmas assinaturas para (tentar) chantagear a mesma ILC de que se diziam “voluntários”, lançaram uma violentíssima campanha de calúnia e difamação da Iniciativa e dos seus promotores, inicialmente através do Fakebook e por fim utilizando os órgãos de comunicação social; destes, de forma inacreditavelmente enviesada, já que foi uma das “portas” que nós abrimos, destacou-se o jornal “Público”.

A 22 de Maio de 2013, ou seja, um ano e meio depois de ela mesma ter criado um grupo de “voluntários” da ILCAO no Fakebook, uma das cabecilhas daquele grupo conseguiu fazer distribuir com o “Público” um detrito impresso, cujo horripilante conteúdo terá porventura afectado alguns espíritos mais desprevenidos, levando-os a descrer ou até a desconfiar de alguma coisa.

(…) De facto, ao intitular o seu artigo “Em desAcordo desde 1990”, o administrador do Grupo Porto Editora fez-me lembrar certo gallo, a cantar desde 1919, e também a própria ILC-AO, a proporcionar “entretenimento de contestação ao AO” (no seu sítio da Internet e nas redes sociais) desde 2008. Sabe-se que há já mais de três anos se deslocam também a um apartado dos correios para recolher papel, como complemento a essa diária e diligente sensibilização virtual em que ao longo de cinco anos se têm empenhado com afinco.

(…) Mas há que compreender que se trata de trabalho voluntário (o profissionalismo do site da ILC-AO pode induzir em erro) de um ínfimo grupo de pessoas, tradutores na sua maioria, parte deles “desempregados” (sic)… Nada mais natural que uma atitude de laborioso embevecimento perante o “Rei dos Livros”, nos seus tempos livres; já para não falar no “interesse da causa”, ou seja, no interesse que os contestatários do AO poderão ter em saber o que diz quem lhes vende os livros escolares em “acordês” que se sentem obrigados a adquirir para os seus filhos. Por ser voluntário, está este trabalho naturalmente condicionado às disponibilidades e sujeito a pequenos lapsos. (…)

Isto é só uma pequena amostra do dito detrito impresso. Todo o textículo é um estendal de insultos, de cabo a rabo (a começar pelo próprio título), escorrendo ódio, um ódio mortal, feroz, de uma violência extrema, verdadeiramente assassina — já que se trata, além de um ataque letal à nossa iniciativa cívica, de um assassínio de carácter visando o seu 1.º subscritor. Assassínio de carácter na forma tentada, bem entendido, visto que felizmente ainda cá estou, alive and kicking.

Neste artigalho saído no “Público”, a intenção já não era “só” lançar um manto de suspeição por sobre toda a Iniciativa a pretexto de “quantas assinaturas temos“; não, parece que “só” isso  — o pretexto único inventado pelos aCtivistas anti-ILCAO — já não era suficiente para achincalhar;  aquele chorrilho de disparates foi muitíssimo mais longe, insinuava cobardemente mas transmitia claramente a “ideia” de que a iniciativa servia apenas “para entreter” e que nós, os promotores da iniciativa, não passamos afinal de… acordistas! A começar por mim próprio, é claro, sendo eu o seu único responsável. Diz ela que resistir é “entreter”, que recolher subscrições é “ir buscar papel”, que somos uns aldrabões do piorio (não transcrevemos propositadamente isto ou aquilo, queremos “copyright” de transcrições, um monte de aldrabices)  e que estamos “feitos”… com quem, ao certo? Verbalizar esta última insinuação asquerosa seria para mim intolerável de todo e portanto não o vou fazer.

Espantoso lençol de atoardas, mentiras e calúnias, realmente. A que ponto podem chegar os delírios de mentes perturbadas pelo ódio! Um verdadeiro case study. Várias pessoas questionaram-me sobre as origens e os motivos desse ódio irracional (passe a redundância), mas não encontro qualquer resposta, não vejo o menor motivo. Não entendo, nunca entendi como pode uma pessoa carregar consigo tanta raiva.

E também não entendo como foi possível ter o Director-Adjunto do “Público”, Nuno Pacheco, permitido a publicação de semelhantes baboseiras no “seu” jornal. É sumamente incompreensível que se possa autorizar a publicação, num diário de implantação nacional, de tão absurdas quanto graves insinuações e “acusações”. Mesmo dando de barato a forma, ou seja, o “estilo” engraçadinho, a armar ao catita (Palma Cavalão iria adorar o catitismo, aposto), o caso é que aquele tipo de conteúdo difamatório não se pode admitir seja em que suporte for mas especialmente num jornal que se diz “de referência”. Aquela publicação terá sido um lamentável lapso editorial, digamos assim, para não deixar cair o nível até ao grau zero da mais básica urbanidade, mantenhamos por conseguinte o espírito de (verdadeira) caridade cristã.

Tal tipo de latrinários enxovalhos aparecem amiúde no Fakebook, mas até naqueles grupos que se dizem anti-AO (quando de facto são mais anti-ILCAO), ainda há quem tenha um mínimo de tino na bola e tento na língua. Já quanto a simples decência, bom, se calhar será melhor não exorbitar. DBS_patamareslegaisEste outro detrito, por exemplo, como os anteriores avistado boiando no referido esgoto virtual, é mais uma repugnante demonstração de que tudo pode mesmo ser (impunemente?) emporcalhado. Neste caso, aliás, a armar ao legalista, brincando aos “justiceiros”, agitando ameaças expressas, note-se, como se a ILC-AO fosse um bando de meliantes!

“Isto” faz parte da oposição ao “acordo”? Isto é de gente que “apenas” pretende liquidar o AO? Ou afinal é a ILC-AO o seu principal (ou único) inimigo?

Vivemos numa época de “cenas tipo assim”, ou seja, cada qual pode perfeitamente publicar qualquer imbecilidade que lhe apeteça sem a mínima consideração ou o mais ínfimo respeito pela honra, a reputação e até a privacidade das suas vítimas, os seus ódiozinhos de estimação.

Sobrevivemos tentando já não apenas manter a cabeça erguida mas antes mantê-la acima da superfície, ter a cabeça fora da sopa infecta em que alguns energúmenos tentam mergulhar-nos — por puro ócio, talvez.

Se, como diz o povo, o ócio é o pai de todos os vícios, então o ódio é a mãe.

Deus nos livre de tão ruim prole. Ámen.


Imagem de topo: Igreja de São Francisco de Évora – Entrada da Capela dos Ossos (Wikimedia)

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