Acordo Ortográfico: “Talvez tenhamos errado”, diz o ministro da Cultura do Brasil
“Talvez tenhamos errado no acordo ortográfico”, declarou o ministro da Cultura do Brasil Juca Ferreira na apresentação do Fólio. Considerando o festival literário que irá decorrer em Outubro, em Óbidos, como estratégico para o fortalecimento da cooperação na língua, Juca Ferreira anunciou a intenção de realizar no próximo ano, no Brasil, um “grande encontro sobre a língua portuguesa” onde os protagonistas serão os criadores e não os legisladores.
“O fortalecimento da língua portuguesa tem nos criadores o epicentro”, afirmou, acrescentando que quem normaliza tem de vir depois, para construir “as possibilidades de uma ortografia comum, de um sistema comum que permita que a língua portuguesa se fortaleça”, mas – sublinhou – “são os criadores que permitem uma base comum da nossa língua”.
O modo como o actual acordo ortográfico foi pensado e aplicado nos países lusófonos mereceu mais críticas, embora cautelosas, por parte do governante brasileiro: “Acredito que apesar das diferenças, o português que é falado nos países africanos, em Portugal e no Brasil é a mesma língua. Pensámos mais na normatização como epicentro desse processo de cooperação e de fortalecimento da língua e talvez tenha havido um descuido em relação à construção desse ambiente de cooperação na área da criação.”
Sobre o modo como autores brasileiros são lidos em Portugal e os portugueses no Brasil – com dificuldades mútuas de divulgação – Juca Ferreira anunciou medidas de cooperação entre o seu ministério e a Secretaria de Estado da Cultura de Portugal. Uma das ideias é a cooperação entre algumas bibliotecas portuguesas no sentido de trazer um pouco mais da literatura brasileira, para que esteja presente e disponível aos leitores portugueses.
Olha que bem, trazer AINDA MAIS literatura brasileira, quando ela já enjoa nos nossos livros escolares. Parecem querer continuar o esforço APENAS deste lado. Lá, a nossa literatura TEM DE SER TRADUZIDA, pois Suas Altezas não assimilam. O nosso país adora tipos “full of shit”, o costume, maltosa dada às ladaínhas, garganta. Estes brasileiros têm cá um “patois”… A suprema lata daquela gente sem vergonha nenhuma! Por mim, podem enfiar a literatura e os cançonetistas todos num sítio – como dizem os “camones” mais mal educados mas sinceros – “where the sun don’t shine”! Mas que raça maldita…
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Não cheguei a perceber o que são as “dificuldades mútuas de divulgação” na forma como os autores portugueses são lidos no Brasil e vice-versa.
Se forem dificuldades de carácter burocrático que estejam a dificultar o trabalho de divulgação pelas editoras, nada posso comentar, pois não conheço esses meandros. Mas quer parecer-me que o ministro da cultura brasileiro se refere a outro tipo de dificuldades, talvez aquelas que os leitores dos dois lados do Atlântico encontrem na leitura de obras escritas na outra margem. Se assim for, teremos de aceitar – com grande tristeza minha – que as competências intelectuais estão a degradar-se profundamente nos dois países, já que, há não muitos anos, essas dificuldades não se verificavam.
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